domingo, 5 de setembro de 2010

Sonho de criança x vida de adulto.

Lembra quando você era novinho, ou novinha e ficávamos planejando nossa vida. A meta era terminar a faculdade, arrumar um emprego, ganhar dinheiro, casar e por ai vai. Como é diferente a doçura dos planos de outrora comparado ao amargo da realidade da vida. Me lembro que logo que me mudei pra tijuca, tinha lá meus 12 ou 13 anos, tava tudo planejado já. Ia terminar o segundo grau, entrar na faculdade de medicina, me formar já morando sozinho e ter a minha vida de regalias. HAuhauhauhauhaa. Já no final do ginásio (atual ensino fundamental) os planos já eram outros, ia passar pro colégio de aplicação da UERJ, depois entrar na faculdade de direito, passar pra um concurso publico ganhando 10,000 por mês e ter uma vida de luxos. No segundo grau, passei pela fase do jornalismo, da medicina de novo e acabei fazendo faculdade de fisioterapia. Pronto, fudeu, começou a vida real. Depois de quatro períodos de insanidades com inserções de músculos, decorando ramificações de nervos tranquei e fui estudar publicidade. Talvez ainda conseguisse ser um Justos, ou um Oliveto, quem sabe um Scalamandré da vida. Porra nenhuma. Em cada esquina tinha um percalço grande demais, e cada oportunidade que aparecia na minha vida na verdade era mais uma cruz com espinhos e lava fervendo. Até que achei meu caminho. Consegui encontrar uma faculdade bacana, que unia o útil de precisar fazer uma faculdade e concluir o ensino superior, ao agradável de aprender com vontade e fazer do oficio um prazer. Mas será que já era tarde demais?! Talvez se tivesse encontrado o mundo do áudio logo que terminei o segundo grau, talvez hoje aos 25 eu já fosse alguém de renome, ou pelo menos alguém com bagagem suficiente para ter um salário digno, uma vida estável, um carro, viagens periódicas, condições de me manter, condições de ter uma vida a dois satisfatória com a mulher que eu amo. Mas não. Hoje aos 25 ainda estou correndo atrás do meu espaço, trabalhando finais de semana direto, andando de ônibus, devendo mais do que ganho, a 500 quilômetros da mulher que eu amo. Enfim. Sei que um dia quem sabe eu consiga alcançar os meus objetivos, até porque vontade de trabalhar eu tenho, ambição de crescer eu também tenho, e capacidade para ser alguém eu também tenho. Mas chega uma determinada época na vida de cada um que lembramos com mais atenção da nossa infância, daquela frase que todos nós já ouvimos, ou iremos ouvir com certeza. Variam um pouco as palavras, mas a essência é a seguinte “Seja criança, curta sua juventude porque quando chegar a hora de você ser adulto, tudo o que você mas vai desejar é ter essa vida que você tem agora de volta”. E como é verdade. Como eu queria acordar e ir pra escola fingir que prestava atenção e jogar ping pong no intervalo. Sair da escola e ir pro curso de inglês, sabendo que depois do almoço toda a vila estaria na rua jogando bola, andando de bicicleta, soltando pipa, jogando botão, trocando figurinhas. Como era bom deitar e sonhar com a vida perfeita de adulto, ou invés de ir deitar todos os dias sabendo que amanhã tenho que me desdobrar para conseguir dinheiro para pagar minhas dividas, pra ir ao cinema, pra ir ver minha namorada. Como é triste saber que nada daquilo que eu sonhava pra mim quando era muleque aconteceu no começo da minha vida. A solução é correr atrás do prejuízo agora, para que daqui a quem sabe outros 25 anos, eu olhe pra trás e não me arrependa do que fiz e não fiz como me arrependo hoje do que fiz e não fiz.

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